SOLA SCRIPTURA
No próximo dia 31 de outubro comemoramos uma data importante, porque neste dia no ano de 1517 um monge agostiniano chamado Martin Lutero afixou nas portas da Catedral do Castelo de Wittenberg as 95 teses e um chamado ao debate sobre estes pontos, com o intuito de levar os cristãos a uma reflexão sobre a Igreja e o cristianismo de seu tempo. Essas teses condenavam a “avareza e o paganismo” na Igreja. No entanto, Lutero sofreu algumas ações contrárias do Vaticano e muitos que queriam vê-lo morto por causa de sua ação. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa.
A Reforma Protestante trouxe à luz algumas coisas importantes, dentre elas o retorno às Escrituras. Este retorno fazia parte dos postulados da Reforma, dos quais o primeiro é Sola Scriptura, ou seja, a Bíblia é a Palavra de Deus, e como tal o ponto de partida e a autoridade final da Teologia e da vida cristã. A Bíblia é a Palavra de Deus porque nela se chega a Jesus Cristo. Um dos grandes feitos de Lutero foi traduzir a Bíblia para o alemão.
Nela encontramos as respostas para angústias espirituais e da vida. A Bíblia é a Palavra de Deus porque nela se chega a Jesus Cristo. Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja moderna é guiada pela cultura, pelas técnicas terapêuticas, estratégias de marketing; o ritmo do mundo do entretenimento muitas vezes têm mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.
Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o cuidado e a disciplina da igreja.
A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensinos, não a expressão de opinião ou de ideias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.
A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual é o teste da verdade. É por meio da Escritura que compreendemos os outros postulados: Sola Christus (Só Cristo), Sola Gratia (Só a graça), Sola Fide (Só a fé) e Soli Deo Gloria (Só a Deus a glória).
Lutero e os reformadores desejavam um retorno às Escrituras, onde os cristãos viveriam, não segundo os dogmas e a centralidade de um governo eclesiástico, mas segundo a vontade de Deus. Como diz a Escritura: “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Romanos 1:17).
Hoje necessitamos de uma nova Reforma, onde estes princípios sejam novamente lembrados. O verdadeiro cristianismo não é este que a mídia apresenta, mas aquele que é centrado na Palavra Viva de Deus, onde Cristo reina soberano na vida de Seus discípulos. O verdadeiro cristianismo é ético e responsável, solidário e amoroso, cristocêntrico e atuante, piedoso e fiel aos princípios da Escritura. Não necessitamos desta cristandade alicerçada na busca de bens materiais, que vive nos êxtases manipulados pelos pastores da cultura gospel. Voltemos às Escrituras! “À Lei e ao Testemunho!...” (Isaías 8:20). Chega de sonhos e profecias descabidas, chega de lendas e fantasias evangélicas. Como disse Jeremias: “... aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha em comum com o trigo?, diz o SENHOR” (Jeremias 23:28)
Que possamos nos lembrar da História, de que Deus foi capaz de levantar pessoas para romperem com a cegueira e a escuridão e trazer ao mundo a luz do Evangelho de Cristo. Voltemos nossos olhos à Palavra de Deus e digamos como o salmista: “Tua palavra é lâmpada para meus pés e luz para meu caminho” (Salmo 119:105).
(Publicado com autorização do Pr. Gilson Jr.)
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